A cerimônia que marcou o novo padroeiro
Na manhã de terça‑feira, a equipe do Hospital Carlos Fernando Malzoni (HCFM) recebeu um público pequeno porém emocionado para celebrar a designação de Padre Pio como padroeiro da capelania hospitalar. O padre Emílio Carlos, responsável pela equipe de assistência espiritual, conduziu uma Missa solene na fachada antiga do edifício, onde duas novas placas foram afixadas. Cada placa traz a imagem serena do santo italiano, cercada por um fundo que lembra a arquitetura da Casa Sollievo della Sofferenza, fundação de Padre Pio dedicada ao cuidado dos enfermos.
Depois da celebração litúrgica, o médico intensivista Dr. Flávio Borsetti, que atua na UTI do HCFM, subiu ao púlpito para explicar a escolha. Segundo ele, “há anos recebemos relatos de pacientes que, mesmo em situações críticas, sentiram uma força diferente e, em alguns casos, melhoras inesperadas que associamos à intercessão do santo”. Essas histórias, embora não tenham sido formalmente documentadas, criaram um clima de fé que acabou influenciando a decisão da diretoria.
O padre Emílio reforçou que a capelania do hospital não atende apenas católicos. “Nosso objetivo é estar ao lado de quem quiser, independentemente da crença. A presença de Padre Pio como padroeiro nos lembra de acolher a dor, a esperança e a vulnerabilidade de cada pessoa que cruza nossas portas”.

O legado de Padre Pio na assistência à saúde
A escolha de Padre Pio tem raízes históricas. Em San Giovanni Rotondo, na Itália, o santo fundou a Casa Sollievo della Sofferenza, um complexo que inclui hospital, centro de pesquisas e vila assistencial. Desde sua fundação, a instituição tem sido referência mundial por combinar medicina avançada e atenção espiritual. A inspiração desse modelo é exatamente o que o HCFM pretende replicar em escala regional.
Além das placas, o hospital iniciou um pequeno projeto de “sala de oração”, onde pacientes podem acender velas, ler trechos de orações ou simplesmente permanecer em silêncio. O espaço foi pensado para ser acessível a todas as religiões, com livros de meditação, textos budistas e até um cantinho para orações muçulmanas.
O impacto prático já pode ser sentido nas salas de espera, onde a presença de símbolos religiosos parece trazer um conforto extra. Enfermeiros relataram que alguns pacientes pedem para ouvir a história de Padre Pio antes de iniciar procedimentos invasivos, buscando força mental para enfrentar o medo.
Em entrevista concedida ao nosso jornal, a diretora administrativa do HCFM, Ana Lúcia Ribeiro, destacou que a decisão também reforça a identidade institucional. “Queremos ser reconhecidos não só pela excelência médica, mas também pela humanização do cuidado. Padroeiro ou não, a missão continua: salvar vidas com ciência e compaixão”.
O movimento tem repercutido nas redes sociais da cidade, onde moradores compartilham fotos da fachada renovada e comentam sobre a importância de integrar fé e saúde. Alguns grupos religiosos locais já planejam visitas ao hospital para oferecer orações em conjunto com a equipe de capelania.
Enquanto a capelania celebra sua nova fase, a comunidade médica acompanha de perto os resultados. O próximo passo, segundo o Dr. Borsetti, é realizar um estudo interno para avaliar se a presença simbólica do santo influencia indicadores de bem‑estar dos pacientes, como níveis de ansiedade e tempo de recuperação.
Em síntese, a nomeação de Padre Pio como padroeiro da capelania do Hospital Carlos Fernando Malzoni abre um capítulo onde espiritualidade e medicina caminham lado a lado, alimentando a esperança de quem precisa de cuidados intensivos e de quem acompanha essa jornada de perto.