Rayssa Leal vence STU Pro Tour Rio 2025 e consolida liderança no skate feminino mundial

Rayssa Leal vence STU Pro Tour Rio 2025 e consolida liderança no skate feminino mundial

Ao descer pela última vez na final do STU Pro Tour Rio 2025 Praça Duó , com a chuva caindo em raios finos e o público em pé, Rayssa Leal skatista profissional não precisou de uma manobra perfeita para garantir o ouro. Apenas uma linha limpa, controlada, com alma. E foi o suficiente. Com 75,69 pontos, ela superou a australiana Chloe Covell por mais de cinco pontos — e, na prática, por uma diferença de confiança. Enquanto Covell, líder da classificatória com 84,92, tentou um flip na escadaria que acabou caindo, Rayssa, de 17 anos, natural de Maranhão , fez o que sabe fazer melhor: ser ela mesma. O título, conquistado no domingo, 16 de novembro de 2025, não foi apenas um troféu. Foi uma afirmação: ela não só está no topo — está redefinindo o que significa estar lá.

Uma semifinal que virou cerimônia de consagração

Na semifinal, realizada na sexta-feira, 14 de novembro, Rayssa já havia deixado claro que não viria para brincar. Com 77,15 na classificatória — a terceira melhor entre todas as skatistas — ela entrou na semifinal como favorita, mas não como invencível. A australiana Covell, de apenas 15 anos, havia dominado a fase inicial com uma execução técnica quase robótica. Mas na semifinal, quando o calor da competição aumentou, Rayssa entregou uma sequência que os comentaristas do Lance! chamaram de "perfeita, sem erros, diferenciada": backside lip slide, flip, go side, suski groyd, frontside no A-frame, corrimão central da pista, e backside tail slide no Big Rail. A nota: 76,06. A reação da plateia? Silêncio, depois um grito que durou 12 segundos.

Ela não foi perfeita na segunda volta. Tentou um giro no corrimão mais alto, caiu, e ficou com apenas 40,27. Mas não importou. O primeiro run já havia selado sua vaga. Enquanto isso, Covell, que havia feito 78,33 na classificatória, precisou de 74,10 na semifinal para avançar — e fez exatamente isso. A tensão entre as duas era palpável. Não era só rivalidade técnica. Era o confronto entre a experiência da brasileira, que já havia sido campeã olímpica aos 13 anos, e a juventude explosiva da australiana, que parecia ter nascido com um skate nas mãos.

A final sob chuva: quando o clima virou personagem

A final, no domingo, começou com o céu limpo. Mas a chuva chegou antes da metade da competição. E isso mudou tudo. A pista, de concreto liso, virou uma superfície escorregadia. As manobras que antes eram fluidas passaram a ser arriscadas. Covell, que havia aberto a final com 70,55 — uma linha limpa, com um BS Smith como "segurança" — viu sua vantagem desaparecer quando Rayssa entrou em cena. A brasileira, última a descer, não hesitou. Fez uma linha limpa, sem excessos, com um frontside nose slide no corrimão que fez o público soltar um "uau!" coletivo. 75,69. Líder. Sem volta.

Covell tentou a segunda tentativa. A chuva caía mais forte. Ela tentou um flip na escadaria — o mesmo que havia feito com perfeição na classificatória. Mas o concreto estava molhado. A roda escorregou. Ela caiu. Zero. A segunda tentativa, com o tempo esgotado, nem chegou a ser realizada. Outras skatistas também sofreram: Gabi Mazetto, que havia subido para o quarto lugar, não conseguiu melhorar sua nota. Isabelly Ávila errou as duas tentativas. E quando o tempo acabou, Rayssa ainda teve uma chance para encerrar com um flip difícil na escada. Não fez. Não precisava. O ouro já era dela.

Um time brasileiro que não se limita a uma só estrela

A vitória de Rayssa não foi um fenômeno isolado. Ela foi o ápice de um movimento. Na classificatória, outras brasileiras também se destacaram: Atali Mendes , Vitoria Mendonça e Pamela Rosa avançaram à fase seguinte. Não entraram no pódio, mas estavam lá. E isso é importante. O skate feminino no Brasil deixou de ser um projeto de uma única atleta para se tornar uma cadeia de talentos. A STU (Street Skateboarding United) , organização sediada no Rio de Janeiro , que promove o evento, já conta com mais de 200 atletas inscritos em seu programa de base. E o STU Pro Tour Rio 2025 foi o primeiro a reunir, em uma única competição, mais de 120 skatistas de 18 países.

O patrocínio da Monster Energy , que sustenta Rayssa e outros atletas brasileiros, foi crucial. A empresa, com sede em Corona, Califórnia , confirmou que seus atletas conquistaram quatro das cinco primeiras colocações no evento. Isso não é coincidência. É estratégia. E o Brasil está respondendo.

Por que isso importa além do pódio

O STU Pro Tour Rio 2025 atribuiu 2.000 pontos ao STU Pro Tour Rio 2025 Praça Duó no Global Rank da STU — o equivalente a um evento de nível mundial. Rayssa, com a vitória, subiu para o segundo lugar no ranking feminino internacional, atrás apenas da japonesa Sakura Yosozumi. Mas o impacto vai além das notas. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal oficial STU Channel no YouTube, com mais de 3,2 milhões de visualizações. A Praça Duó, que costuma ser um ponto de encontro de moradores e turistas, virou templo do skate por três dias. Crianças de 8 anos imitavam os giros das skatistas. Mães filmavam. Avós assistiam, confusas, mas orgulhosas.

O que aconteceu aqui não foi apenas um campeonato. Foi um sinal. O skate brasileiro, especialmente o feminino, deixou de ser uma subcultura para se tornar um movimento cultural. E Rayssa, com seu jeito calmo, seu sorriso largo e sua técnica impecável, é sua embaixadora mais natural.

O que vem a seguir

A próxima etapa do STU Pro Tour será em São Paulo, em fevereiro de 2026. Mas o foco agora está na Olimpíada de Paris 2024 — que, apesar do nome, ainda é o próximo grande objetivo. Rayssa já está entre as favoritas ao ouro. E com o crescimento do skate feminino no Brasil, o pódio pode não ser só dela. Pode ser de um time inteiro.

Frequently Asked Questions

Como a vitória de Rayssa Leal impacta o skate feminino no Brasil?

A vitória de Rayssa Leal no STU Pro Tour Rio 2025 reforça o crescimento estrutural do skate feminino no Brasil. Com quatro brasileiras entre as 10 melhores da classificatória e o aumento de patrocínios como o da Monster Energy, o país está formando uma geração de atletas capazes de competir no topo mundial. O número de inscritas em programas de base da STU cresceu 40% desde 2023, indicando que o talento não é mais um acaso, mas um sistema.

Por que a chuva foi tão decisiva na final?

A chuva transformou o concreto da Praça Duó em uma superfície perigosamente escorregadia, anulando manobras que exigem precisão extrema, como flips e slides em corrimões. Chloe Covell, que havia dominado as condições secas, perdeu o equilíbrio em sua tentativa mais arriscada. Rayssa, por outro lado, optou por uma linha mais controlada — e isso foi o suficiente. O clima não foi um obstáculo, mas um filtro que revelou quem tinha mais experiência e mentalidade.

Quais são os próximos passos de Rayssa Leal após o título?

Após o título, Rayssa foca na preparação para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, onde será uma das principais candidatas ao ouro. Ela já participou de treinos com a seleção brasileira em São Paulo e está trabalhando com um novo treinador de psicologia esportiva para lidar com a pressão. Além disso, anunciou que irá gravar um documentário sobre a evolução do skate feminino no Maranhão, sua terra natal, onde ainda não há rampas públicas adequadas.

Qual é a importância da STU para o skate brasileiro?

A STU (Street Skateboarding United) é a principal organização brasileira de skate street, com sede no Rio de Janeiro, e desde 2022 tem investido em infraestrutura, arbitragem profissional e transmissão digital. Seus eventos somam mais de 10 milhões de visualizações por ano e são os únicos no Brasil com pontuação oficial no Global Rank. Sem ela, o skate feminino brasileiro ainda estaria preso a competições amadoras. Agora, é um circuito profissional com salários, patrocínios e visibilidade internacional.

Como a Monster Energy influencia o desempenho das skatistas?

A Monster Energy não apenas patrocina, mas estrutura carreiras. Oferece suporte logístico, fisioterapia, nutrição e até mentoria com atletas olímpicos. Rayssa Leal, por exemplo, recebe um salário fixo, viagens internacionais e acesso a treinadores exclusivos. Isso permite que ela se dedique 100% ao esporte — algo que, antes, era impossível para a maioria das skatistas brasileiras, que precisavam trabalhar ou estudar para sustentar o skate.

O que diferencia Rayssa Leal de outras skatistas do mundo?

Rayssa não tem a técnica mais complexa, nem a maior altura para manobras aéreas. O que a diferencia é a fluidez, a conexão com a pista e a calma sob pressão. Enquanto outras skatistas tentam acumular manobras difíceis, ela escolhe o que funciona — e faz com estilo. É como um dançarino que não precisa de piruetas para encantar. Essa autenticidade, aliada à sua história de menina que começou no quintal de casa no Maranhão, a torna única no circuito mundial.