Mozart Santos faz história com dois acessos consecutivos e lidera Coritiba ao título da Série B 2025

O Mozart Santos entrou para a história do futebol brasileiro. Na tarde de domingo, 23 de novembro de 2025, no Estádio Arena da Amazônia, em Manaus, o Coritiba venceu o Amazonas Futebol Clube por 2 a 1, conquistando o título da Série B do Campeonato Brasileiro 2025Brasil. Mas o que realmente marcou o dia não foi só o troféu — foi o feito raro: Mozart se tornou o terceiro técnico da era dos pontos corridos (desde 2006) a levar dois clubes consecutivos à Série A. E o mais impressionante? Ele fez isso com o mesmo estilo discreto, sem alardes, como se fosse apenas mais um jogo.

Um feito que só dois antes haviam feito

Antes de Mozart, apenas Léo Condé e Geninho haviam conseguido dois acessos consecutivos. Léo Condé subiu o Vitória em 2023 e o Ceará em 2024. Geninho fez o mesmo com o Sport em 2013 e o Avaí em 2014. Mas Mozart foi além: ele já havia promovido o Mirassol em 2024. Agora, com o Coritiba, ele se tornou o primeiro treinador da história da Série B a conquistar três títulos da competição — e o único a fazer isso com dois clubes diferentes em dois anos seguidos.

Isso não é sorte. É consistência. Mozart não chegou ao Coritiba com nomes de estrelas. Chegou com um plano: defesa organizada, transições rápidas e um espírito de equipe que transformou jogadores desconhecidos em heróis. O time terminou com 68 pontos em 38 rodadas, sendo o primeiro a se classificar matematicamente — já na penúltima rodada, em 17 de novembro, com um empate sem gols contra o Athletic Club no Estádio Major Antônio Couto Pereira, em Curitiba.

Uma saída que surpreendeu — e fez sentido

A conquista do título foi seguida por uma notícia que deixou os torcedores em silêncio. Na terça-feira, 3 de dezembro de 2025, Mozart anunciou sua saída do Coritiba. Não por falta de propostas. Nem por desgaste. Mas por um simples motivo: "Nós não chegamos a um acordo financeiro. Simples assim", disse ele ao Charla Podcast. E completou: "Acabou vazando. Até não sei se foi por parte do clube... enfim, acabou vazando. Eu acho que é totalmente desconfortável falar de questão de valores. Mas (a não renovação) foi por uma questão de não entrar num acordo salarial".

Ele garantiu que respeitou um compromisso ético com o diretor esportivo William Thomas — não revelar valores. Mas o silêncio do clube, a ausência de qualquer comunicado oficial sobre renovação, e o fato de Mozart já ter recusado propostas de outros clubes logo após o título, dizem mais do que qualquer nota de imprensa. Ele queria ficar. Mas o Coritiba, talvez por medo de um salário alto ou por uma política de gestão mais conservadora, não quis pagar o preço da excelência.

O G4 da Série B: uma galeria de mestres do acesso

O acesso à Série A em 2026 foi uma festa de técnicos experientes. O Athletico Paranaense voltou após um ano fora, vencendo o América Mineiro por 1 a 0. A Chapecoense, comandada por Gilmar Dal Pozzo, retornou após quatro temporadas. O Remo — que não jogava na Série A desde 1994 — voltou com Guto Ferreira, que agora soma quatro acessos em sua carreira: Ponte Preta, Bahia, Internacional e Sport.

Até o quarto colocado, o Goiás, teve um técnico com histórico: Enderson Moreira, que já subiu o América-MG e o Botafogo. Mas o que mais chamou atenção foi o fracasso de Fábio Carille. Ele havia levado o Santos ao título da Série B em 2024. Em 2025, com o Goiás, precisava apenas vencer o Remo na última rodada. Perdeu por 3 a 1. O sonho de dois acessos consecutivos se desfez no Estádio Olímpico.

Rebaixados, clássicos e histórias que voltaram

Os rebaixados foram o Paysandu, o Volta Redonda, o Amazonas e a Ferroviária. O primeiro rebaixado da temporada foi o Paysandu, com apenas 28 pontos — um reflexo da crise estrutural que assola o futebol paraense.

Mas o torneio também foi um resgate de memórias. O Atletiba voltou à Série B pela primeira vez desde 1995. O Re-Pa, entre Remo e Paysandu, aconteceu após 18 anos. O confronto entre os três grandes de Goiânia — Goiás, Atlético-GO e Vila Nova — foi o primeiro desde 2018. E o Bota-Ferro, que não se enfrentava na Série B desde 1990, voltou a ser disputado. Apenas o Athletic Club estreou na competição, tornando-se o 20º clube a participar da Série B na era dos pontos corridos.

O que vem agora?

Mozart Santos não está desempregado. Há clubes da Série A e até da Europa já sondando seu nome. Mas o que ele fez com o Coritiba — transformar um time em crise em campeão da Série B com um elenco de baixo custo — será estudado por academias de futebol. Ele provou que liderança, disciplina e identidade valem mais que nomes caros.

O Coritiba, por outro lado, enfrenta um dilema: vai contratar um técnico com o mesmo perfil? Ou vai apostar em um nome mais famoso, mas sem a mesma eficiência? A resposta pode definir se o clube volta à Série A como candidato ao título — ou apenas como mais um time de rebaixamento.