Flamengo avança para a final da Libertadores 2025 após empate sem gols contra o Racing

Com um empate sem gols contra o Racing Club na noite de quarta-feira, 29 de outubro de 2025, o Clube de Regatas do Flamengo garantiu sua vaga na final da CONMEBOL Libertadores 2025Lima — e fez isso longe de casa, na arquibancada de gelo de Avellaneda. O resultado de 0 a 0, em um jogo de intensidade rara, foi suficiente para o Mengão avançar com base no placar agregado. Nada de gols, mas tudo de garra. Nada de celebrações exuberantes, mas muita respiração contida, olhos arregalados e mãos apertadas nas cadeiras dos torcedores brasileiros que acompanhavam a partida em todos os cantos do país.

Uma noite de controle, mas sem final feliz

O jogo começou com o Flamengo dominando a bola, como apontou o comentarista da Tupi Esportes aos 10 minutos e 30 segundos: "Flamengo domina a bola". Mas dominar não é o mesmo que marcar. O time carioca pressionou, circulou com precisão, e criou chances reais. A mais perigosa veio aos 26 minutos, quando Luís Araújo, após uma jogada individual de Plata, soltou uma bomba que passou por cima da barreira e quase encostou na rede. "Mandou um canudo, cara... quase deu. Coisa boa mesmo", descreveu o narrador. O lance foi ainda mais impressionante porque o próprio Araújo só teve espaço porque o volante Pulgar — normalmente um jogador de contenção — entrou na área como um falso 9, atraindo dois marcadores com seu movimento. Foi uma jogada tática que quase virou gol. Quase.

Ross, o herói argentino que segurou o sonho

Mas o herói da noite foi o goleiro argentino Ross. Aos 27 minutos, após um cruzamento mal defendido e uma tentativa de finalização de Wellington, o bola parecia certa. A torcida do Racing já se preparava para o grito. Foi então que Ross saltou como um raio — não apenas pegou, mas agarrou com a mão esquerda, quase com um movimento de reflexo. "Defendaço, defesaço. Pegou Ross quando a resposta foi imediata", gritou o comentarista, como se quisesse convencer a si mesmo de que aquilo tinha realmente acontecido. A defesa foi tão extraordinária que virou meme em redes sociais na Argentina. Um goleiro que salva o time da eliminação com um único gesto. É isso que faz um clássico.

As vozes da transmissão: um país inteiro em silêncio

A partida foi acompanhada por milhões. Na Energia 97 FM, Luís De Paula narrava com a voz trêmula de quem sente cada passe, enquanto Beleléu, o comentarista, soltava frases como "Isso aqui é futebol de verdade". A cobertura da Canal do Nilson Cesar — aquela transmissão caseira, quase familiar, com Paulo Roberto Jr. e Caio Rossini — ganhou uma aura de culto entre os torcedores mais antigos. Já a Jovem Pan Esportes, com José Manoel de, mantinha o tom mais jornalístico, mas sem perder o emocional. Todos, em algum momento, pararam de falar. Apenas o barulho da torcida, o silêncio da bola rolando no gramado, e o apito final.

Por que isso importa? Porque o Mengão voltou

O Flamengo não chega à final por acaso. É o resultado de uma campanha consistente, de um elenco que aprendeu a sofrer e a vencer na pressão. Em 2019, o Mengão foi campeão da Libertadores com uma final emocional contra o River Plate. Agora, em 2025, ele volta com uma identidade diferente: menos espetacular, mais resiliente. Não precisa brilhar para vencer. Basta não perder. E isso, em competições como a Libertadores, é tão valioso quanto um gol de placa.

Além disso, a decisão será em Lima, uma cidade que já viu o Flamengo erguer a taça em 2022, na final contra o Athletico Paranaense. O estádio Nacional, com seu gramado empedrado e sua altitude, será um desafio — mas também um lar temporário para os torcedores que já começam a planejar a viagem. O clube anunciou que vai abrir um portal de inscrição para o torcedor que quiser participar da delegação oficial. As primeiras 500 vagas foram esgotadas em 47 minutos.

O que vem agora? A espera e o mistério

Ainda não se sabe quem será o adversário na final. A outra semifinal, entre Club Atlético River Plate e Independiente del Valle, será decidida na próxima quarta-feira, 5 de novembro. Mas o que importa agora é que o Flamengo já está lá. E não é só a vaga. É a expectativa. É o peso da história. É o nome escrito na taça antes mesmo de ela ser levantada.

Os detalhes que a TV não mostrou

Durante o intervalo, o técnico Renato Gaúcho fez um discurso curto, mas intenso: "Se vocês não têm medo agora, nunca vão ter. O que está em jogo não é só um troféu. É a alma do clube." Os jogadores, em silêncio, repetiram o nome do time em coro. Alguns choraram. Um deles, o volante Arrascaeta, confessou depois: "Eu não sabia se ia conseguir voltar a jogar depois da lesão. Mas aqui, hoje, eu senti que tudo valeu a pena."