O reconhecimento ao jornalismo ético ganha destaque
Pouca coisa mexe mais com uma redação do que o anúncio de um prêmio importante para a profissão. Nessa quarta-feira, 13 de novembro, a movimentação foi diferente no plenário Ulysses Guimarães: a primeira edição do Prêmio Glória Maria de Jornalismo foi entregue a uma veterana que coleciona histórias e credibilidade, Zileide Silva. Muita gente que acompanha jornalismo político e economia já se deparou várias vezes com a presença discreta, mas firme, da repórter e apresentadora da TV Globo.
Zileide soma décadas de trajetória – começou a carreira nas ondas do rádio, na Rádio Jornal de São Paulo, e seguiu o caminho natural de quem respira notícias, passando por veículos relevantes: Rádio Cultura Brasil, Rede Bandeirantes, TV Cultura, SBT e, desde 1997, a Globo. Talvez o ponto mais emblemático tenha sido sua atuação como correspondente internacional em Nova York, no começo dos anos 2000. Ali, ela viveu de perto o abafado setembro de 2001, na cobertura dos atentados terroristas que mudaram a história recente.
O prêmio leva o nome de Glória Maria, ícone do jornalismo brasileiro, imortalizada por uma carreira cheia de pioneirismo e coragem, e falecida em 2023. Pela primeira vez, a Câmara organizou a homenagem, visando valorizar quem traduz o dia a dia da política e da sociedade com ética, equilíbrio e responsabilidade. Não é pouca coisa conseguir esse reconhecimento – Zileide foi escolhida por unanimidade pela Mesa Diretora da Casa, e os indicados vieram dos líderes dos mais diversos partidos. Ou seja, não houve disputa acirrada nem polêmica: o consenso foi absoluto.

Cerimônia e emoção marcam primeira edição
A entrega do prêmio foi marcada por emoção. No plenário lotado, uma plateia formada por deputados, profissionais de imprensa e convidados acompanhava cada detalhe. Laura, filha de Glória Maria, também participou da cerimônia. A família de Glória Maria foi presença central, mostrando que as homenagens não param apenas na esfera simbólica – existe um laço afetivo real, principalmente porque Glória inspirou diferentes gerações de jornalistas, negros ou não, a acreditar em novas possibilidades dentro das redações.
O Prêmio Glória Maria de Jornalismo nasceu para reconhecer quem mostra, na prática, que dá para fazer jornalismo sem perder o compromisso com a sociedade. Mais do que uma estatueta, a honraria representa um chamado: é possível ser relevante, manter o rigor dos fatos e abrir portas para novas vozes. Zileide Silva, com simplicidade e discrição, recebe a primeira edição e representa muitos profissionais que, como ela, batalham todos os dias atrás de boas histórias, nem sempre no centro dos holofotes, mas nunca longe do coração da notícia.
Assim, a história desse prêmio começa com o pé direito, destacando o papel das mulheres negras no jornalismo, celebrando o profissionalismo e mostrando que memórias e legados continuam vivos, mesmo depois do último flash da câmera. Daqui pra frente, a expectativa fica: quem será inspiração para as próximas edições?