Nunes demite subprefeito da Lapa após apoio de Rubinho Nunes a Pablo Marçal agitar eleição

Nunes demite subprefeito da Lapa após apoio de Rubinho Nunes a Pablo Marçal agitar eleição

Troca na Lapa escancara clima de guerra na eleição paulistana

Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o quanto a corrida eleitoral de São Paulo anda tensa, a canetada de Ricardo Nunes (MDB) nesta segunda, 2 de setembro, respondeu firme. O prefeito demitiu Luiz Carlos Smith Pepe, subprefeito da Lapa, poucos dias depois que Rubinho Nunes (União Brasil) – o vereador que indicou Pepe para o cargo – decidiu apoiar Pablo Marçal (PRTB), adversário direto de Nunes na disputa pela prefeitura.

Não teve rodeios. Ricardo Nunes resolveu não disfarçar sua irritação, dizendo abertamente nos bastidores que o movimento do vereador foi uma "traição". A mensagem foi clara: quem cruza a linha, perde espaço. O comando da subprefeitura da Lapa – uma das regiões mais disputadas politicamente – vai agora para Ana Carolina Nunes Lafemina, que era número dois da Secretaria Municipal das Subprefeituras.

A escolha não foi só administrativa; foi estratégia pura. Nunes quer segurança máxima ao seu redor, especialmente num momento em que aliados se mostram cada vez menos confiáveis. Com o cenário eleitoral ainda imprevisível, cada sinalização pública como essa serve de alerta para o resto da base governista.

Divergências, desgaste e aposta nas próximas semanas

Rubinho já vinha causando dores de cabeça no grupo de Nunes. O vereador ficou conhecido por bater de frente na Câmara com a proposta do prefeito para multar quem doasse comida a pessoas em situação de rua – pauta polêmica que refletiu desgaste entre os próprios aliados do prefeito. Para alguns interlocutores, Rubinho estava incomodado não só com decisões administrativas, mas também com o rumo da campanha, que ele considera enfraquecida perante o crescimento de Marçal nas pesquisas, segundo levantamentos internos do União Brasil.

Esses bastidores mostram uma fissura. Rubinho não foi o único a demonstrar insatisfação, mas seu rompimento ganhou peso porque traz para a candidatura de Marçal alguém que conhece os bastidores do governo e pode transferir apoio de base mais conservadora. Interlocutores do União Brasil acreditam que os próximos dez dias podem ser decisivos. Nunes, que começou a corrida imaginando uma vitória confortável, agora vê fonte de tensão até entre aliados que ajudaram a montar sua chapa.

No meio desse fogo cruzado, Pepe acabou virando alvo colateral. Seu nome já aparecia em investigações desde julho, acusado de realizar apreensões fora da área da Lapa. Mesmo assim, a equipe de Nunes insiste que a exoneração foi "estritamente política": a ligação com o ex-aliado ficaria inviável com o novo cenário. Pepe não chegou a ser responsabilizado por má conduta diretamente, mas a "sombra" do desgaste pesou. Subprefeitos costumam ficar expostos justamente nesses momentos; se o padrinho político muda de lado, dificilmente sobrevive no cargo.

A dança das cadeiras mostra que, mais do que gestão pública, a reta final da eleição virou um campo de batalha por símbolos. Trocar subprefeito virou declaração pública de força e de recado a quem pensa em seguir o mesmo caminho de Rubinho. Agora, cada gesto e cada nome ganha peso de estratégia no tabuleiro eleitoral paulistano.