Em um sábado de setembro, a partida entre Chichester City e Wingate & Finchley, válida pela Premier Division da Isthmian League, virou notícia nacional após o choque de Billy Vigar com uma parede de concreto que resultou em lesão cerebral fatal. O atacante, de 21 anos, tentou impedir que a bola saísse de campo, mas acabou batendo a cabeça contra a estrutura rígida que delimita o limite do terreno de jogo.
O acidente e as primeiras intervenções médicas
Imediatamente após o impacto, a equipe técnica de Chichester City acionou os serviços de emergência. Vigar foi retirado do campo com suspeita de trauma craniano grave e encaminhado ao hospital mais próximo, onde foi colocado em coma induzido para controlar o inchaço cerebral. Na terça‑feira seguinte, os médicos realizaram uma cirurgia de emergência com o objetivo de aliviar a pressão intracraniana e oferecer alguma chance de recuperação.
Apesar da operação e dos esforços intensivos da equipe de neurocirurgiões, a gravidade da lesão se mostrou insuperável. Na manhã de 25 de setembro, o clube divulgou o falecimento de Vigar, que deixou a família, amigos e a comunidade futebolística em profunda tristeza.
Repercussões no mundo do futebol
O comunicado oficial do Chichester City nas redes sociais solicitou respeito à privacidade da família e anunciou o adiamento do próximo confronto contra Lewes como forma de homenagem.
O Arsenal, onde Vigar ingressou à academia aos 14 anos e assinou contrato profissional em 2022, publicou mensagem de pesar, lembrando-o como um "avançado poderoso e versátil" que chegou a aparecer na EFL Trophy, embora nunca tenha estreado na equipe principal.
Derby County, onde o jovem passou parte da temporada 2022‑23 em empréstimo na equipe Sub‑21, também expressou condolências, destacando a dedicação e o talento demonstrados durante sua curta passagem pelo clube.
Além dos clubes, a Associação Inglesa de Futebol (FA) reagiu imediatamente, prometendo uma revisão abrangente das normas de segurança nos estádios da National League System. A entidade assegurou que estudará medidas adicionais para prevenir acidentes semelhantes, como a remoção ou proteção de paredes de concreto próximas ao campo.
A presidente da PFA, Maheta Molango, cobrou uma investigação profunda, afirmando que jogadores têm o direito de não serem expostos a riscos evitáveis e que todas as oportunidades de tornar os gramados mais seguros devem ser exploradas.
Em sinal de respeito, a própria Isthmian League organizou um minuto de silêncio antes de todas as partidas do fim de semana e pediu que os atletas usassem braçadeiras pretas durante os jogos.
O percurso de Vigar no futebol começou na zona leste de Londres, onde foi descoberto por olheiros do Arsenal. Depois de três anos na academia, ele conquistou o contrato profissional e viveu momentos de destaque nas categorias de base. Em 2022, foi emprestado ao Derby County Sub‑21 e, posteriormente, teve passagens curtas por clubes como Hastings United e Eastbourne Borough antes de se firmar no Chichester City, onde buscava consolidar sua carreira no futebol semi‑profissional.
O episódio reacende um debate antigo sobre a infraestrutura de estádios de divisões inferiores, que frequentemente apresentam barreiras físicas próximas ao campo de jogo. Especialistas em segurança esportiva apontam que a presença de muros de concreto pode representar um risco sério, especialmente quando os jogadores são pressionados a manter a bola em jogo em áreas estreitas.
Enquanto a comunidade lamenta a perda precoce de um talento em ascensão, as autoridades do futebol prometem transformar a tragédia em lições concretas, revisando projetos de estádios e orientando clubes sobre melhores práticas de proteção ao atleta.